quarta-feira, novembro 24

Quarta-feira, 24 de Novembro

Não era para escrever nada mas... parto isto em três partes. A imagem, muito apropriada, genuína, portuguesa; o texto que me saiu "à capella"; e o vídeo não pela música, não pela letra, só pelo refrão. Neste dia era o que diria na Assembleia da República, as assembleias municipais, nas reuniões de partidos e grémios de ajuntamento dessa gente reles, mas em bom português porque aquelas bestas devem ter todos inglês técnico e este é mais de... pátio de liceu.


Com estas minhas palavras não quero condenar as pessoas que não fizeram greve, isso não me passa ou passou pela cabeça. Graças ao 25 de Abril temos liberdade para fazermos as nossas opções, criar divergências e com elas tentar ou procurar avançar para algo melhor. Disso também é feita a democracia para mim.
Não fiz greve porque sim. Não fiz greve pelo porreirismo ou de não ser apontado como tal. Não o fiz para me gabarolar disso. Fiz porque estou cansado. Fiz porque olho para cima e vejo pessoas reles, mesquinhas, mentirosas, falsas, que me dão asco profundo. Fiz greve porque estou farto de que a nossa democracia, de que eu tanto gosto, tenha um solavancozinho apenas no momento de votar. Isso só não chega, dizer o que nos vai na alma com sentido, educação, coerência é necessário e para tal, chamar a atenção é necessário. É só zombies.
Fiz greve porque o estado das coisas é grave, não foi pelos valores que defendo que se chegou aqui e já passei do ponto de não retorno relativamente ao status quo, ao bem-estar físico dos nossos pseudo-governantes. Se pudesse, e aqui peço desculpa aos meus pais que me educaram melhor que isto, gostava de os ver mortos. Todos. Não tenho a mínima compaixão nem respeito pelos que nos governam desde os tempos em que eu aprendia a ler. Não se aproveita nada. Não temos elites, não defendemos ou procuramos a excelência porque simplesmente estamos a ser geridos desde o respirar fundo democrático, por ralé. São uns merdas. A greve é a solução? Nunca será mas o que este estado de coisas carecia era de uma revolução por ideais novos mas com a força daqueles que fizeram a do 25 de abril. Não é possível que ao fim de trinta e cinco anos de democracia se vejam as assimetrias, as injustiças que se veêm. É ignóbil, é indigno de um povo com quase mil anos de história. E o nosso país não é assim tão grande de modo a não se conseguir fazer algo de bom, verdadeiro e de futuro para as suas gentes.
Porque fiz greve? Porque foi a segunda greve geral de sempre, porque este é o tipo de "arma" que não pode não ter consequências apesar de sabermos que este dia só foi diferente. O manhã será igual. Mas felizmente sou novo e não posso, mesmo querendo, pegar numa arma e criar um novo solavanco histórico que tentasse mudar o curso da nossa maneira de ver e fazer as coisas. Se este fosse um país decente não teríamos as bestas que temos eleitas, não seriam as nossas elites as que são. Infelizmente é o que temos.
Porque fiz greve? Porque posso, porque o estado, besta acéfala soube que eu fiz greve mas não me faz represálias nem tenta atropelar como um patrão hoje do privado. Rouba-me no vencimento porque isso é a única coisa que sabe fazer. Por essa atitude se mede o estado das coisas: tudo tem um preço, até mesmo a liberdade. E hoje este um dia tão bonito. Acabo com Che: "pátria o muerte".

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