sábado, maio 8

Olh'ó ladrão!


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Do mais insuspeito e normal acontecimento, uma entrevista, pode surgir o acto mais inesperado, num estado de direito entenda-se. Um deputado do partido do governo, provavelmente habituado a não ser interpelado com alguma insistência lá na sua terrinha, que salvo erro, também está dependente das leis da nossa república - falo do belo arquipélago Açores – teve uma atitude que vai contra um estado de direito, com liberdade de expressão e a resguardo da reserva ou sigilo profissional, como é o caso dos jornalistas. Não sei se o deputado, aquando da sua estada nos Açores estaria habituado a estes momentos. Se estava é porque a lei afinal, como também é sabido genericamente pelas pessoas mais letradas, não chega da mesma forma a todo o lado. Depois do “evento” o mesmíssimo “fasthands” apressou-se a convocar uma conferência de imprensa – julgo ter visto todos os gravadores na mesinha com aquelas correntes das bicicletas – para dar, literalmente, a sua versão miserável do sucedido.
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Antes de prosseguir quero dizer que este senhor não tem atenuantes. É deputado, o que não é seguramente um atenuante, é membro do Conselho Superior de Segurança Interna – nem preciso tecer comentários – para além de que é advogado de formação, algo a que não se pode furtar (mais uma) no momento de alegar as imensas pressões a que foi sujeito. Pressão, meu caro, é a força pela unidade de área e, vistas as imagens, ninguém lhe estava a dar com um pau – antes fosse, que deviam a ele e a todos – a única pressão ocorreu aquando as manápulas do deputado se… e agora surge a graça. Segundo o mesmo “tomou posse”. Se tomar posse for isso mesmo, então as coisas de súbito, e partindo de uma entrevista como muitas outras, se fez luz sobre o sistema democrático português. “Tomar posse” o acto de tomar para si o que é dos outros, sejam gravadores de 40 euros, sejam milhões de milhões de euros de dinheiros públicos a coberto das mais variadas vestes – negócios de ferro-velho, compadrios vários, facilicitações aos amigos a troco de uma vaga num qualquer conselho de administração no futuro quando a “maré virar” and soo n and so on.

De volta à graça, o deputado tomou posse ou… fanou? Palmou? Furtou? Locupletou? Desviou? Acção-directou? Apoderou? Embolsou? Abafou? Rapinou? Surripiou? Para mim roubou mesmo. Diz a lei, que o mesmo estudou – acho eu… também terá sido na independente…? – que no máximo seria acto para uma pena de 3 anos. Ui… era mesmo de valor, houvesse um juiz capaz. Para finalizar… vendo o vídeo, não acham que há ali muito savoir-faire? “Eles vão para lá para dentro e aprendem lá tudo” sobre o acto de roubar. Acabo com uma anedota a propósito:

Um homem passa pela porta Assembleia da República e escuta uma gritaria que sai de dentro;

"Filho da Puta, Ladrão, Vigarista, Assassino, Traficante, Mentiroso,
Pedófilo, Vagabundo, Sem Vergonha, Trafulha, Preguiçoso de Merda,
Vendido, Usurário, Foragido à Justiça, Oportunista, Engana Incautos,
Assaltante do Povo...

Assustado, o homem pergunta ao segurança parado na porta:

"O que se passa lá dentro?”

"Não", responde o segurança. Cá pra mim estão a fazer a chamada para saber se falta algum deputado".

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