quinta-feira, julho 31

Pólvora seca ou bola de canhão?



Tinha-me prometido não escrever mais após o dia 28 de Julho. Tudo numa honesta tentativa de passar e de vos dar umas férias sossegadas. Só passaram três dias, o bloqueio é furado mas a situação impõe-se. O Presidente da República vai falar ao país. Será bom? Não reconheço muitas virtudes ao Presidente ou ao cargo. Tem pouco poder efectivo e o que tem é sempre visto como um correctivo mais ou menos severo sem que dele se espere pouco mais que… nada.
A comunicação é um estratagema usado, nestas paragens, por indivíduos saudosos mas de carácter duvidoso e noutros países por… por norma é usado sem sentido, para verborreias (tipo Chavez) ou para anunciar guerras ou vergonhas (Bush pai e filho, Nixon, Cliton, etc…)
Assim sendo a comunicação desta noite será, das duas uma: uma comunicação com peso efectivo, que justifique o alarme envolto num anúncio com quase 24h de antecedência, sem o prévio salpicar do teor da mesma numa situação geral conturbada; em alternativa, será uma ventosidade mais ou menos célere, consoante a velocidade do discurso, num jeito familiar e que é, de certo modo, o predilecto do nosso Presidente. Se o escolhido for este último, creio que será justo afirmar que a reeleição estará posta em causa.
Se Cavaco Silva concluir que: vai encerrar os partidos, por falta de requisitos de higiene de vários tipos (da alçada da ASAE) ou défice democrático baseado em compadrios, favorecimentos, negócios mais ou menos claros (da alçada da PJ), tudo bem. Se sugerir que se faça um concurso público para que uma empresa estrangeira venha gerir o país, muito bem. Se, em alternativa, vier cantar o fado do coitadinho – “de que temos que…tal ou devemos…tal, que os tempos são difíceis” e mais não sei que ladainha e verborreia filosófica, que pouco muda a situação de cada um e já pouco ou nada conforta quem ganha uma palmadinha nas costas por cada duzentas facturas para pagar. Que vê quotidianamente inúteis e sanguessugas sociais esvaziar, a poder de desfrute e imobilidade, o trabalho de uma sociedade. Se vier cantar esse fado Sr. Presidente, opte antes por ir esticar a toalha, deixo uma dica, para o estrangeiro (que é incompreensivelmente mais barato do que o nosso Algarve) e deixe o povo sossegado e, socorrendo-me e adaptando de Abraham Lincoln, entregues a uma casa cada vez mais divida e que só por milagre se aguenta ainda em pé, no original “A house divided against itself cannot stand”.

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