domingo, abril 6

Pontes para a outra "margem"



Sou adepto da SIC noticias. Talvez por defeito de formação/criação sempre andei rodeado, mas principalmente, foi-me chamado sempre à atenção factos relevantes nos noticiários. Como tal ficar viciado em informação foi um passo. Pego neste tema porquê? Simples. Um dos programas que sigo com alguma frequência é a Quadratura do Círculo que contou até há bem pouco tempo com Jorge Coelho, eminência política dentro do PS. Para quem não via o programa mas vê a SIC notícias talvez se lembre do anúncio ao programa e onde se ouvia Jorge Coelho dizer “Há muita fraca memória nos políticos e nos portugueses…” Ora bem, sobre o que haveria ao tempo que justificasse a “fraca memória” sou sincero, não me lembro, mas parece que a Coelho a memória também já teve mais pujança.
Para paladino da honestidade e da pureza de valores, Jorge Coelho na minha óptica, acabou de dar um tiro no pé ou talvez não porque nada irá fazer correr mais tinta que a que vai ser gasta nos talões do seu vencimento. Após ter sido Ministro das Obras Públicas algures em Governos PS ao ex-Ministro foi-lhe descoberta a característica transversal a qualquer ex-Ministro e, como por arte de magia, transformou-se num reputadíssimo gestor aos olhos da maior empresa do ramo da construção em Portugal, a Mota-Engil. Não deixa de ser curioso que esta movimentação estratégica se dá na altura que o Governo se prepara para entregar a concessão de milhões e milhões de dinheiros em obras públicas às entidades com características idóneas. Espero que a idoneidade se consiga, nomeadamente, pela relação custo/qualidade e não propriamente pelas personagens que “comandem o barco”, o tal concurso público que pretende impedir, mas não consegue, o acerto directo. Confuso?
Pensemos que isto mesmo acontece com outras tantas personagens, algumas delas de capacidade intrigante: Ferreira do Amaral (Lusoponte), Armando Vara (BCP), António Mexia (EDP, mas a este dou um desconto), Pina Moura (Galp/Iberdrola), Jorge Coelho (Mota-Engil).
Fará parte de algum tipo de formação especializada e desconhecida dos portugueses que consiga que ex-ministros pareçam passar de bestas a bestiais gestores num ápice? Uma coisa é certa parece existir um… preocupante? Enervante? Vergonhoso? Descarado padrão de cumplicidades entre o cargo de ministro e os lóbis privados. E não será que existirá algum jornalista que consiga quantificar quanto é que custou ao estado português este tipo de favores às claras? Não digo com isto que os ex-ministros estão condenados a ficar no desemprego mas deveria existir um período razoável de anos, quiçá uns dez, de modo a que a promiscuidade não parece-se ou fosse, tão clara.

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