quarta-feira, abril 23

Inadaptações várias



Existe algo que me deixa a pensar… Existe muito na verdade mas esta foi a última. Vivemos num tempo de voragem avaliativa e o Governo, e bem, quer tê-la por base para, de forma justa e imparcial penso, poder decidir segundo itens de meritocracia a progressão nas carreiras. Noutro âmbito e segundo o Código do Trabalho que agora se negoceia, vai existir a possibilidade de despedimento por inadaptação ao posto de trabalho. Estes dois projectos a artigos legislativos criam-me as seguintes dúvidas:
1. Os portugueses, não como um todo obviamente, avaliam como “pouco satisfatório” o desempenho do governo. Segundo a ideia de meritocracia e as novas soluções laborais, nós como eleitores poderíamos ou deveríamos poder dispensar este elenco governativo, ou não!? Alguém que me responda.
2. Percebemos a inadaptação do Governo para fazer qualquer tipo de governação e, como tal, não deveriam ser estes despedidos? Aguardo resposta.
3. Como pode um trabalhador ser despedido por inadaptação? Bem, no seguimento ao momento em que é contratado não poderá ser certamente isto porque o processo de selecção deve servir para evitar desadaptações, correcto? Então as inadaptações só poderão ocorrer ao fim de um relativo período de tempo ou então quando as organizações tiverem mudanças do corpo directivo e, como tal, mudança de política dessas mesmas organizações. De qualquer modo esta ideia de inadaptação é algo titubeante e pode ser tomada de modo ligeiro.
A prova de inadaptação é algo relativamente complicado de fazer prova mas é algo que parece, no extremo, ser mais uma ferramenta na mão de quem pode, para poder orientar as necessidades, suas, de alguém ou duma conjuntura temporal. O que para mim é inadaptação pode ser facilmente uma mais valia para outra pessoa. O mundo não tomba por estas diferenças. Será possível dizer que um professor é idandaptado para a profissão porque após anos e anos na província acabou colocado em Lisboa e ao cabo de uns meses meteu um atestado ou por ter simplesmente desaparecido? Recordo que neste país já se despediu um treinador por incompetência, incompetência essa que se virou para os incompetentes decisores.
Resta-me dizer que somos um povo latino, que se serve de esquemas e a trapaças para fazer valer os seus pontos de vista e, como tal, este tipo de liberdades decisórias devem ser muito bem limitadas porque a lei também serve para proteger. Confuso?

Sem comentários: