quarta-feira, abril 9

Diga: "Externocleidomastoideu"



Oitocentos. Oitocentos foram os médicos de desertaram, debandaram do sistema nacional de saúde para o mercado dos cuidados de saúde privados. Sinais dos tempos? Nem tanto, parece-me mais um ir para lá fora mas cá dentro. Já fiz questão de listar neste blogue os inúmeros amigos e/ou conhecidos que a política económica e o capricho do défice me levou para outros países. E mais continuam a ir e os poucos que voltaram já estão a comprar passagens de volta. É pena só se viver uma vez porque se esse não fosse o caso provavelmente também faria do espírito aventureiro e da vontade de viver uma vida confortável e reconhecida, a minha bandeira. Não tenho parentesco com Vasco da Gama… Tiro o chapéu aos que foram e que deixam, para um futuro organizado em semestres, o valor mais alto, a família. Mas não vim aqui para isso, no entanto o meu abraço a todos eles e aos que não conhecendo, a isso a vida os conduziu.
Queria discutir a questão dos médicos.
Quem já visitou os hospitais do nosso país sabe que não é raro dar-mos de caras, ou ouvidos, com médicos que vêm se fora. Não sou contra e até sou a favor. Diferentes especialistas contratados no exterior poderão trazer modos diferentes de “ver as coisas”. O que eu acho mal é que o estado pague, e bem suponho, a formação dos nossos doutores e que depois estes ganhem asas, tal como os pilotos da força aérea, e rumem para melhores paragens que, no casos de ambas as especialidades, se encontram do outro lado da rua nas empresas privadas. O seu sonho americano está bem mais perto para estes do que para os outros profissionais emigrados.
Para piorar o cenário, provavelmente quem vai para esses hospitais privados, que surgiram da fértil terra lusitana como cogumelos sedentos, serão os profissionais mais experientes que cheios de saber, fartos das condições dos hospitais centrais e com a muito louvável aspiração de fazer o “contrato da sua vida”. Ora bem… em que pé, ficamos? Agora já não chega dizer que existem muitos alunos a saírem todos os dias por dois motivos: Primeiro, porque a experiência conta muito (não vêem o House?) e segundo porque também eles quererão agarrar essa galinha dourada à mínima hipótese. Se nada for feito… acabamos, não no sonho americano, mas sim no pesadelo americano dos seguros de saúde (Medicare e coisas terríveis dessas).Deixo uma nota para outra área. Anda tanto professor a querer pedir a reforma; a opinião sobre esta profissão anda tão mal que o que se passa em muitos países europeus, falta de professores, por estúpido que a minha ideia possa parecer, há-de chegar cá e algum governo ainda terá que voltar, e repito voltar se as políticas não forem organizadas, a contratar engenheiros para dar inglês. Só espero que não o inglês técnico e que o menino não tenha cursado na Independente.

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