domingo, março 9

Não quis ver Lisboa por um “canudo”



Hoje (ontem) não quis ver Lisboa por um “canudo” e foi a melhor opção que fiz. Quem lê este blogue e me conhece sabe que não sou exagerado ou faço “fitas” por isso… Trago muitas sensações daquelas horas que Lisboa parou um pouquinho para que um tsunami de professores pudesse entrar pelas “avenidas novas” (do Marquês) e por todo o lado. Uma dessas sensações é a de que este foi um acontecimento que traduz o dizer “uma imagem vale mais que mil palavras”, neste caso oitenta mil. É descritível mas seria um exercício, pelo menos para a minha escrita, terrível e, por certo, incompleto. Não sei se o exagero que trago no espírito se deve a que foi a primeira manifestação em que participei isto apesar de, como é visível por aqui, os artigos do blogue serem assíduos em temas de política interna.
Não sou adepto de nenhum partido e os sindicatos não me dão confiança a tal ponto de que hoje teria ido com o meu carro não fosse o previsível e comprovado STOP às viaturas particulares e a prioridade aos autocarros da organização. Ressalvo também que, apesar desta ter sido a maior mobilização de uma classe de que há memória em Portugal (para cima de 50% da classe), as pessoas não teriam boa vontade suficiente para, em tempo útil, organizar os meios e as necessidades que uma demonstração destas requer.
Guardo também o apoio que fomos recebendo de viaturas que connosco se cruzaram na A1, Professores? Cidadãos em geral? Nunca saberei mas foi bom receber os polegares levantados, as buzinadelas, os “quatro piscas”. Nas ruas pessoas anónimas bateram palmas e deram força. Para quem atrapalhou a vida de muitos Lisboetas em resposta à trapalhada que têm provocado na sua, foi bom de ver, de sentir. De qualquer modo a maior imagem que trago é a saudação que uns se fizeram aos outros, professores para professores. A Ministra realmente alcançou um facto digno de registo, colocou a maioria dos professores norteados pelos mesmos objectivos e isso parecia impossível há pouco mais de… dois, um ano?
O autocarro onde seguia foi deixar-nos (e não “despejar-nos” como ouvi na TSF) mesmo no local e, logo aí, foi impressionante o número de pessoas que saíram de todos os lugares, portas, escadarias e becos adereçados, prontos e que acenavam à nossa passagem, se alegravam de ver o grupo engrossar, não augurando “um dia que viverá para a infâmia” como disse certa vez Roosevelt mas sim um dia que perdurará na memória pessoal e colectiva.
Não vou comentar as palavras da Ministra. Eu sou da opinião de que a sua troca não ia alterar os objectivos do Primeiro-Ministro (porque é ele que decide) e, ao cabo de três anos, dever-se-ia aproveitar o que a Ministra por esta altura deve saber de educação se a mesma se lembrasse que, antes dela, está uma imensa percentagem de docentes que saberão algo do assunto. A prepotência de uma reforma que ou se faz comigo ou contra mim é pura… poderá ser suicídio, político de uma Ministra de um tal Engenheiro e de um partido e isso sim seria um facto relevante. A democracia Portuguesa poderá viver algo que só tem precedente com o Maio de ’68 e se isso acontecer não sei bem qual será a vantagem que todos retiraremos disso. O povo talvez tire já que a confiança na classe política é diminuta e o aproveitamento dos mesmos tem sido descarado.

A propósito disso quero dedicar as últimas palavras a dois deles, o primeiro ao Ministro(?) Mário Lino. Mário Lino, não sei se por escolha de alguém ou por língua tresloucada, veio defender a Ministra. O que tem de mal? Nada a não ser que este é o Ministro mais mentiroso do Governo. Este sénior mente na rua, em conferências de imprensa, em encontros e inclusive na Assembleia da República. Não se que raio de sinal será este, mas ser ele a defender a Ministra da Educação parece algo saído de uma das melhores rábulas dos Monty Python. O segundo é o Ministro Augusto Santos Silva, outrora Ministro da Educação, que disse que a liberdade deste país não se devia a pessoas como o falecido Álvaro Cunhal. Ora bem o lendário líder do PCP antes de mais está FALECIDO e como tal a oportunidade da sua intervenção é, no mínimo, questionável mas por certo de extremo, fascista mau gosto. Acresce também que este ministro também não tem muita “área” para poder reclamar para si qualquer luta anti-fascista. Por último e pegando nas suas palavras “o que disse foi uma apreciação política pessoal”. Pois bem se pessoalmente, em política, tudo vale e se políticos somos todos, eu expresso aqui a minha ideia política sobre Angusto Santos Silva. É uma Besta. Disse.

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