quarta-feira, julho 18

Tempo



A propósito de uma esplanadinha de ontem... Vou-me debruçar sobre um tema que temos por garantido mas que outrora não era assim. Vou falar do tempo medido, das horas contadas, acertadas ao longo dos tempos. Mas antes disso como se mede o tempo? Com um relógio responderá, é certo mas nem sempre foi assim. O tempo inicialmente foi medido atráves da posição do Sol ou da Lua e através de areia. Nada disto é informação nova mas o que é novo é que existiam discrepância muito grandes entre diferentes locais. O primeiro relógio que deu precisão (até ao segundo) à medição do tempo foi o relógio de pêndulo do Holandês Christiaan Huygens 350 anos após o início da utilização do Sol para esse efeito. No entanto este era susceptível à Temperatura e à humidade o que dava origem a variações na contagem das horas, em Londres seriam 11h35 enquanto que em Glasgow poderiam ser 11h20. Com a revolução industrial, a introdução do comboio e das tabelas horárias, a necessidade da uniformização temporal apertou e no 1.º de Dezembro de 1847 foi estabelecida a primeira zona temporal e o relógio que daria o tempo de referência ou, como é ainda hoje conhecido, GMT - Greenwich Mean Time. E a partir dessa data todos os relógios se basearam no tempo medido em Greenwich. Mas os relógio continuavam a carregar o problema do atraso e da precisão e para certas medições era necessário utilizar relógios muito precisos. Então em 1949 é pela primeira vez utilizado o relógio atómico na medição temporal, construido pelo NIST - National Institute of Standards and Technology, americano claro, já que eram eles que dominavam a tecnologia atómica.
Então e como funciona um relógio atómico? Tal como um pêndulo, os átomos também têm a capacidade de oscilar através do seu movimento vibracional. Descobriu-se que o átomo de Césio tem uma frequência de ressonância de 9,192,631,770 oscilações, passando a ser este o valor que definiria e define o nosso segundo. No entanto, tal como o micro-ondas, também os relógios atómicos se tornaram banais e neste momento existem cerca de sessenta países possuidores deste tipo de relógios, o que origina que cada país tenha a sua hora, por insignificante que seja a diferença. Então, para lá confusão que vão ver, criou-se o UTC - Universal Time, Coordinated - que não é mais do que o fuso horário de referência que resulta da média de cerca de duzentos relógios atómicos existentes em 50 laboratórios espalhados pelo globo. O UTC resulta do TAI - Tempo Atómico Internacional - é a escala de tempo calculada pelo Bureau international des poids et mesures (BIPM) sediado em Sèvres, França. O BIPM zela da uniformidade mundial das medidas e da conformidade com o Sistema Internacional de Unidades (SI) e entre elas está o tempo. Confuso não? Bem não acaba aqui porque esta média demora a fazer seis(!) semanas, ou seja só sabemos o tempo de agora daqui a seis semanas o que não deixa de ser... paradoxal.
Como cereja no topo do bolo existe mais uma nota a reter: Devido ao facto do tempo de rotação da Terra oscilar em relação ao tempo atómico, o UTC sincroniza-se com o dia e a noite o que leva a que se some ou subtraia segundos de salto (leap seconds) quanto necessário, por norma em Julho ou Dezembro. Desde que se utiliza a medida UTC já se fizeram 33 acertos = 33 segundos ganhos. Para escrever este artigo demorei... 22 minutos.

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